Há em cada um de nós uma perigosa tentação de agirmos como hipócritas, isto é, de sermos uma coisa, mas fingirmos ser outra. Há muitos dentro da igreja que são assim: pessoas que afirmam ser cristãs, mas que são, de fato, incrédulos tentando convencer os outros (e talvez a si mesmos) de que são seguidores de Jesus Cristo. São pessoas que não praticam a verdadeira virtude, mas que oferecem versões falsas dela. Judas comparou tais pessoas a nuvens sem água, pois elas parecem estar cheias do Espírito, mas na verdade são desprovidas de bondade verdadeira.

Aqui estão cinco sérias advertências para aqueles que apenas fingem ser piedosos:

1. A hipocrisia irrita a Deus.

Deus odeia hipocrisia e hipócritas (como já escrevi aqui), pois a hipocrisia faz mau uso da religião, se aproveitando de suas leis e decretos para a autopromoção. O hipócrita quer a religião—até mesmo a fé cristã—apenas pelas vantagens que ganha através dela. Não volta seu coração realmente para Deus e não faz o bem ao povo de Deus. Leva a Cristo em sua Bíblia, mas não em seu coração. Serve ao diabo enquanto veste o uniforme de Cristo. Ele será condenado por Deus.

2. A hipocrisia é auto-ilusão.

Muitos hipócritas enganam a si mesmos, pensando que seus atos hipócritas são evidência de piedade verdadeira ou, pior ainda, que têm capacidade para merecer o favor de Deus. Quem coleta dinheiro falso prejudica principalmente a si mesmo. Quem acumula piedade falsa causa o maior dano à sua própria alma. “O hipócrita engana os outros enquanto vive, mas engana a si próprio quando morre”.

3. A hipocrisia é ofensiva para Deus e para o homem.

Os incrédulos odeiam o hipócrita por se fazer parecer piedoso; Deus o odeia por ele simplesmente parecer ser piedoso. Os incrédulos são enganados por seu verniz de piedade e o odeiam por isso; Deus vê através desse verniz e o odeia por não ter mais do que uma camada fina. O hipócrita perde de todas as formas pois se torna inimigo dos incrédulos e de Deus. “Os ímpios odeiam o hipócrita porque ele é quase um cristão, e Deus o odeia justamente porque ele é apenas ‘quase’ um cristão”.

4. A hipocrisia é inútil.

O hipócrita pode trabalhar duro nessa vida, mas, assim que morrer, perderá absolutamente tudo. A única recompensa que poderá desfrutar será ainda nessa vida, pois certamente será condenado na morte. Pode ser que seja elogiado no presente, mas receberá apenas punição no julgamento final.

5. A hipocrisia não traz conforto na morte.

Pessoas que apenas passaram um fino verniz de santidade falsa sobre sua depravação se encontrarão sem esperança e sem conforto em seu leito de morte. Pouca santidade leva a pouca felicidade.

A hipocrisia é um pecado feio e que Deus vilipendia. No entanto, ainda há esperança para o hipócrita, e as palavras de Paulo necessitam ressoar em seus ouvidos: “Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?” (Ro 2.4). Aqueles que se voltam para Cristo em arrependimento e fé são purificados de todo pecado, inclusive desse. Então, serão habitados pelo Espírito Santo para que possam remover aquele fino verniz de santidade e, em vez disso, tornarem-se verdadeiramente santos.

Quanto àqueles de nós que realmente são cristãos, mas ainda nos debatemos com a tentação da hipocrisia, devemos orar como Thomas Watson: “Senhor, deixe-me ser qualquer coisa menos hipócrita”, pois ter dois corações exclue uma pessoa do céu. Podemos muito bem nos questionar: “Que bem fará a um homem que outros pensem que ele está no céu quando na realidade estiver no inferno?”.

Traduzido por Rebeca Falavinha.